3 de fev. de 2011

R' EVOLUÇÃO DOS BICHOS


A exposição “Яevolução dos bichos” traz questionamentos sobre a compreensão que a humanidade tem de si e da realidade ambiente, pois com as contribuições decisivas de Darwin ("A origem das espécies" em 1859 e "A descendência do homem e a seleção ligada ao sexo", 1871), a teoria da Evolução tirou o homem do centro do mundo vivo. A mostra aborda justamente a evolução dos animais e sua diversidade, apresentando também as suas relações. Os dados estão distribuídos em uma espiral que se inicia com a formação do universo, da vida e com as formas de vida animal em estágios cada vez mais diversificados. Essa disposição permite ao visitante acompanhar como cada grande grupo de animais evoluiu até suas formas atuais e qual sua origem e relação com os outros bichos.

Para cada grupo animal é apresentada linha do tempo evolutiva, painel com imagens de algumas formas atuais, vídeo em exibição permanente, réplicas de ossos, fósseis e de animais inteiros, além de alguns experimentos. “Яevolução dos bichos” se propõe a lançar questionamentos sobre as relações de parentesco de todos os animais, inclusive os seres humanos. A exposição é uma produção do Espaço Ciência e Associação Brasileira de Centros e Museus de Ciência (ABCMC), com financiamento do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT/CNPq). A curadoria é do professor Valdir Luna, com projeto arquitetônico de Fátima Ximenes, sob coordenação do Professor Antonio Carlos Pavão, diretor do Espaço Ciência.

A inauguração acontece hoje, no Pavilhão de Exposições do Espaço Ciência, que fica no Complexo Salgadinho, em Olinda. A exposição será aberta ao público nos horários normais de visitação e ficará exposta o ano todo. A entrada é franca e grupos podem agendar pelo número (81) 3183.5531. O Horário de Funcionamento é de segunda a sexta das 8h às 12h e das 13h às 17h e nos finais de semana das 13h30 às 17h. Vale a pena fazer uma visita e refletir sobre o que pensar, então, do humano, do mundo... e do Divino, da Criação?!

Sobre isso em nosso blog:

2 comentários:

  1. A bíblia e os outros livros sagrados não foram escritos pra descreverem os céus e a história do universo, mas pra nos levarem pro "céu", pra darem sentido à história... A ciência descreve como as coisas foram e são, enquanto que a espiritualidade reflete por que e pra que tudo existe! Né não?!

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  2. Folh de São Paulo, domingo, 13 de fevereiro de 2011

    MARCELO GLEISER

    PARECE NOTÍCIA VELHA, mas a ciência e o ensino da ciência continuam sob ataque. Por exemplo, uma busca na internet com as palavras "criacionismo", "escolas" e "Brasil" leva ao portal www.brasilescola.com. Lá, há um texto, de Rainer Sousa, da Equipe Brasil Escola, que discute a origem do homem.
    O autor afirma que o assunto é "um amplo debate, no qual filosofia, religião e ciência entram em cena para construir diferentes concepções sobre a existência da vida".
    No final, diz: "sendo um tema polêmico e inacabado, a origem do homem ainda será uma questão capaz de se desdobrar em outros debates. Cabe a cada um adotar, por critérios pessoais, a corrente explicativa que lhe parece plausível".
    "Critérios pessoais" para decidir sobre a origem do homem? A religião como "corrente explicativa" sobre um tema científico, amplamente discutido e comprovado, dos fósseis à análise genética?
    Como é possível essa afirmação de um educador, em pleno século 21, num portal que leva o nome do nosso país e se dedica ao ensino?
    Existem inúmeros exemplos da tentativa, às vezes vitoriosa, da infiltração de noções criacionistas no currículo escolar. Claro, se o criacionismo fosse estudado como fenômeno cultural, não haveria qualquer problema. Mas alçá-lo ao nível de teoria científica deturpa o sentido do que é ciência e de seu ensino.
    Um país que não sabe o que é ciência está condenado a retornar ao obscurantismo medieval. Enquanto outros países estão trabalhando para educar seus jovens sobre a importância da ciência, aqui vemos uma corrente contrária, que parece não perceber que a ciência e as suas aplicações tecnológicas determinam, em grande parte, o sucesso de uma nação.
    Muitos dirão que são contra a ciência apenas quando ela vai de encontro à fé. Tomam antibióticos, mas rejeitam a teoria da evolução.
    Se soubessem que o uso de antibióticos, que aumenta as chances de que os germes criem imunidade por mutações genéticas, é uma ilustração concreta da teoria da evolução, talvez mudassem de ideia. Ou não. Nem o melhor professor pode ensinar quem não quer aprender.
    Os cientistas precisam se engajar mais e em maior número na causa da educação do público em geral.
    Mas devemos ter cuidado em como apresentar a ciência, sem fazê-la dona da verdade. Devemos celebrar os seus feitos, mas ser francos sobre suas limitações e desafios (a teoria da evolução não é um deles!) Não devemos usar a ciência como arma contra a religião, pois estaríamos transformando-a numa religião também. Achados científicos são postos em dúvida e teorias "aceitas" são suplantadas.
    Bem melhor é explicar que a ciência cria conhecimento por meio de um processo de tentativa e erro, baseado na verificação constante por grupos distintos que realizam experimentos para comprovar ou não as várias hipóteses propostas.
    Teorias surgem quando as existentes não explicam novas descobertas. Existe drama e beleza nessa empreitada, na luta para compreender o mundo em que vivemos. Ignorar o que já sabemos é denegrir a história da civilização. O problema não é não saber. O problema é não querer saber. É aí que ignorância vira tragédia.

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    MARCELO GLEISER é professor de física teórica no Dartmouth College, em Hanover (EUA), e autor do livro "Criação Imperfeita"

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