1 de jan. de 2013

PARA ONDE VÃO OS ESTUDOS DA RELIGIÃO?!

Numen. Vol. 15, No. 2 (2012).
Ciência(s) da(s) religião(ões) no Brasil

Numen: Revista de Estudos e Pesquisa da Religião é uma publicação acadêmica do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Religião (PPCIR) da Universidade Federal de Juiz de Fora. A proposta da revista é ser um espaço para a divulgação de pesquisas, preferencialmente de doutores, relevantes para a compreensão da religião, com abertura para perspectivas diversas. Ela busca superação dos reducionismos simplistas na apreciação da religião, oferecendo oportunidade para contribuições oriundas de diversas áreas de conhecimento. Com isso, intenta promover o debate de idéias sobre o tema, possibilitando olhares complementares e críticas entre abordagens conflitantes. Evidentemente, Numen não se concebe como veículo de divulgação religiosa, mas sim de compartilhamento de estudos comprometidos com a abordagem necessária no âmbito de estudos de pós-graduação. O número mais recente da Revista (acesse integralmente por aqui) traz como Seção Temática a questão das Ciência(s) das(s) religião(ões) no país, fazendo um balanço epistemológico do nosso campo de conhecimento: o que é mesmo que estudamos e como articulamos as nossas pesquisas?

"Atualmente cursos de graduação e programas de pós-graduação em ciência(s) da(s) religião(ões) crescem em bom ritmo no Brasil. A ciência, área disciplinar, ou como for que se compreenda o que seja “ciência(s) da(s) religião(ões)” - justamente tema refletido neste número da Numen - iniciou tímida sua caminhada de consolidação na Academia Brasileira, a partir da década de 1970 e, particularmente, décadas de 1980 e 1990. Em 2000 o PPCIR-UFJF promoveu um seminário cujo intuito era, justamente, refletir sobre a epistemologia da ciência(s) da(s) religião(ões), a bem de clarificar conceitos e proporcionar trocas de experiências entre os programas de pós-graduação, pretendendo maior afirmação da área dentro da Academia. Ora, para afirmar-se, o ponto crucial seria, justamente, que a ciência(s) da(s) religião(ões), ou melhor, os intelectuais da área, pudessem revelar as concepções epistemológicas que distinguem a ciência(s) da(s) religião(ões) das demais ciências, tanto em relação a seu objeto específico, quanto ao seu método. Quiçá pudesse haver um entendimento mais uníssono sobre tais questões. Tal seminário resultou no livro “A(s) Ciências(s) da Religião no Brasil: Afirmação de uma área acadêmica”, organizado por Faustino Teixeira e publicado por Edições Paulinas, em 2001.

No início deste novo milênio houve um significativo aumento dos cursos de graduação e pós-graduação em ciência(s) da(s) religião(ões). Mais recentemente, nota-se também o crescimento do número de graduações (licenciaturas e bacharelados) nesta área, o que levou inclusive à criação da Rede Nacional das Licenciaturas em Ensino Religioso (RELER) no ano de 2012. Como já pontuamos, faz-se necessária, sempre de novo, a reflexão sobre o que caracteriza, em termos epistemológicos e de prática e produção acadêmica, as ciência(s) da(s) religião(ões). O aumento de cursos e programas de pós-graduação indica, necessariamente, maior maturidade e melhor reflexão em relação à tarefa acadêmico-científica própria à ciência(s) da(s) religião(ões). O aumento de cursos e programas de pós-graduação indica, necessariamente, maior maturidade e melhor reflexão em relação à tarefa acadêmico-científica própria à ciência(s) da(s) religião(ões)? Sabemos que é, no mínimo, perigoso erguer mais andares em um prédio se seus fundamentos não são adequados para tais acréscimos. Portanto, no momento do aumento de cursos que levam a chancela de ciência(s) da(s) religião(ões), é preciso voltar a refletir sobre os fundamentos daquilo que se convencionou nomear ciência(s) da(s) religião(ões). Aliás, uma ciência que não reflete continuamente acerca de si, seu objeto, metodologia e metas, mesmo de sua razão em existir (e de sua plausibilidade científica), merece a chancela de ciência?

Intentando fomentar a contínua reflexão (e, oxalá, aprimoramento) a respeito da constituição epistemológica e das práticas acadêmicas da ciência(s) da(s) religião(ões), o presente número da Numen oferece, a seus leitores, artigos vindos da maior parte dos programas de pós-graduação em ciências da religião ativos no Brasil. Neles podemos contemplar históricos de constituições de programas e as reflexões epistemológicas que acompanharam e acompanham o desenvolvimento dos programas apresentados. Igualmente, em alguns artigos, podemos verificar como, na prática, as concepções de ciência(s) da(s) religião(ões) em certos programas são desdobradas, através da produção acadêmica e das ênfases de pesquisa reveladas nos artigos..."


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2 comentários:

  1. parabéns pra equipe da Federal de Juiz de Fora, por ter nos brindado com esse presente de fim de ano: um mapa pros mochileiros da galáxia, pros pesquisadores de ciência da religião, que nessa revista ficam conhecendo os programas de pós da área e as vertentes epistemológicas que os guiam... agora seria bom que uma boa revista de teologia fizesse o mesmo com os programas de teologia: afinal, como já há graduações em teologia espírita, umbandista, etc, e não só cristã, daqui a pouco surgirão pós com essas conotações espirituais e os teólogos precisam pensar também sobre o seu campo de conhecimento... quais seriam os temas comuns a todas as teologias? que métodos Ide hermenêutica auto-interpretativa da teologia) podem ter foros de legitimidade no ambiente acadêmico? fica a sugestão e o desafio!
    Eugênio Pacelli.

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    1. Boa provocação, rapaz. Afinal, tem autoridades religiosas desclassificando todos os métodos históricos e científicos modernos... Como fica a teologia com as suas pretensões de ciência?! Manu.

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