20 de abr. de 2013

IGREJA PRO SÉCULO XXI


Pontos sobre a Palestra do Frei Betto

O evento aconteceu no dia 23 e abril de 2013 no auditório Barbosa Lima Sobrinho, no térreo do Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFCH). Chamou-me atenção o atraso do evento. É que o reitor da universidade, o professor Anísio Brasileiro, confirmou a presença na palestra. Logo chegou o reitor com alguns pro-reitores e sua equipe. O auditório estava lotado!

Frei Betto iniciou a palestra dizendo que o Papa Francisco já é candidato à canonização por ter operado dois milagres. O primeiro foi fazer com que todos os brasileiros gostem de um argentino. O segundo foi fazer acontecer um debate sobre o papa em uma universidade pública no Brasil. De fato dá o que pensar!

Betto fez uma análise histórica da Igreja Católica a partir das renúncias dos papas. Ele contabilizou oito renúncias na história contando com Bento XVI. Segundo ele a renúncia de Bento XVI está ligada a vários aspectos. Disse que o intelectual não combina com o administrador. A questão da gestão interna desandou. E pesou muito o escândalo financeiro e sexual no Vaticano. O que o machucou como pessoa, no entanto, foi o sumiço de papéis de sua escrivaninha, com cartas pessoais. Isso causou um dano enorme. “Bento XVI ficou abalado ao saber da rede de prostituição de seminaristas em Roma. Tudo isso foi levado em conta na renúncia dele".

Temos um novo papa com o nome de dois Franciscos: o de Assis (1182-1226) e o Xavier (1506-1552), este jesuíta como ele. Papa que, ao se apresentar ao mundo, da sacada do Vaticano, dispensou as vestes pontificais e pediu aos fiéis que rezassem por ele.

Ele é muito simpático, carismático, adotou atitudes como a de cortar luxos. Tomara que faça também uma reforma na Igreja. Disse Frei Betto: “como mineiro desconfiado, acho que só vamos verdadeiramente conhecer o que pensa o Bergolio depois que Ratznger morrer. Como ele vai tomar uma medida que o Ratzinger não esteja de acordo ou pelo menos não consinta? Além de ser um papa renunciante, é considerado pela ortodoxia o teólogo número um da Igreja Católica”.

Elencou os grandes desafios que o papa Francisco tem pela frente: 1. Reformar a cúria romana - “já foi um chega pra lá a nomeação da comissão de cardeais para assessorá-lo”; 2. Mexer na questão da moral sexual - "O papa Francisco vai ter que abrir o debate da moral sexual na Igreja. Não dá para segurar mais"; 3. Entrar de cheio no Diálogo Inter-religioso - “O diálogo deve envolver os urgentes problemas do mundo hoje”; 4. Renovar a estrutura da evangelização da igreja - “Estamos num mundo que mudou o critério de proximidade e a igreja não alcança”.

Um recado final foi fazendo um paralelo entre a academia e a igreja. “Tanto a academia como a igreja trabalham mais com conceitos que com a vida. Têm em comum a teoria que fica só no papel. A universidade tem que ir ao povo. Se abrir ao povo. Como a igreja, abrir suas portas ao movimento social”.

Por Artur Peregrino,
teólogo e antropólogo, membro do Grupo de Pesquisa Identidades e Diálogos, do nosso Mestrado.

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