24 de out. de 2013

RELIGIOSIDADE E CAUSA INDÍGENA

Com texto de Débora Rosa (Boletim UNICAP) e fotos de Eduardo Nascimento.

A Universidade Católica de Pernambuco sediou mais um Fórum Inter-religioso nesta última segunda-feira (21). Com o tema “Religiosidades e causa indígena”, o encontro teve como objetivo debater as histórias e formas de expressão religiosa dos índios da região e como as outras religiões podem agregar a natureza como dimensão sagrada. O debate aconteceu no auditório do bloco B e contou com a presença de três membros do Conselho Indigenista Missionário (CIMI): padre Francisco Bispo, Edson Silva e Saulo Feitosa.

Para dar início às discussões, foi apresentado um vídeo que mostra o índio do povo Xucuru tocando a sua flauta. O Membi tem a função de abrir as tradições religiosas de seu povo, introduzindo-o na religiosidade, para que possa entrar no ritual de fé com mais concentração. “Sentir junto essa expressão cultural de um povo faz com que o espectador tenha uma nova visão da religião, que, na sua diversidade, busca as respostas aos questionamentos do ser humano, como questões interiores ou da saúde cotidiana. Quando passamos a ver de dentro esses rituais indígenas, começamos a questionar a contribuição que a religiosidade desse povo vem trazer para as nossas vidas”, afirmou o historiador Edson Silva.

Durante o encontro, organizado pelo Observatório Transdisciplinar das Religiões no Recife, também foram abordadas questões relativas às expressões simbólicas indígenas como resultado de produções históricas, a ação evangelizadora cristã católica entre os índios nordestinos, as avaliações antropológicas das atuações missionárias entre os indígenas e as abordagens acadêmicas recentes sobre esses povos. Uma pergunta foi muito discutida: os índios evangelizados são cristãos mesmo (e até melhores "cristãos", porque vivem o que o missionário vem pregar) ou apenas se apropriam de elementos do cristianismo para defender as suas verdadeiras crenças?  Uma obra indicada para quem quiser saber mais do assunto, escrita com colaboração dos palestrantes, é o livro A presença indígena no Nordeste, com mais de setecentas páginas, organizado por João Pacheco de Oliveira (Rio de Janeiro: Contra Capa, 2013).

Para concluir, houve interessante debate sobre um vídeo (veja por aqui) que tem circulado muito nos últimos dias pelas redes sociais, mostrando cenas chocantes de suposto infanticídio indígena na Amazônia. Na verdade, trata-se de um falso documentário, uma dramatização realizada por grupo evangélico americano com índios pagos como atores, para justificar a conversão ostensiva ao cristianismo dos indígenas - justo aqueles em cujas terras há minérios valiosos para empresas transnacionais (veja análise detalhada aqui). O tema já foi tratado no Mestrado em Ciências da Religião da UNICAP, por ocasião de debates legislativos (veja aqui), mas é reincidente em campanhas contra as culturas e crenças dos primeiros donos dessas terras.





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Um comentário:

  1. Alô pessoal! Gostei da temática! Parabéns! Estamos aqui em Roraima estabelecendo convivências muito ricas com os indígenas de Roraima. Tanto no que se refere ao tema da religiosidade indígena quanto à questão das causas indígenas, em especial que nesta semana tivemos mais uma votação daquelas no STF. Mas felizmente os povos indígenas mais uma vez foram vitoriosos. A temática está bem atualizada!!

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