Enquete: qual é o futuro das religiões no Brasil?
Cada pessoa vai organizar a sua religiosidade em um cenário multiforme, com menos doutrinas e mais experiências emotivas (23%)
Cada religião vai reforçar sua ortodoxia e lutar por espaço político, defendendo o moralismo sob influência de potências culturais mundiais (12%)
As religiões e espiritualidades vão disputar o mercado cultural na televisão e na internet, apelando até para mensagens apocalípticas (27%)
Todas as religiões vão convergir para uma espiritualidade verde e de nova consciência global (38%)
Estes são os resultados da enquete realizada no blog do nosso Mestrado em Ciências da Religião da UNICAP, neste segundo semestre, com a participação de 163 pessoas. Foi até agora a pesquisa com maior participação que a gente promoveu, talvez pelo tom futurista da questão e/ou, quem sabe, para exorcizar o acorde catastrófico associado a este ano de 2012. As religiões têm futuro? Para onde elas vão no Brasil?
Estas são, na verdade, as problemáticas motivadoras de um Colóquio que estamos organizando em novembro no Mestrado, e a enquete serviu como preparação. Vejam que a maioria (38%) dos analistas abalizados que frequentam o blog (há, há!) aponta para a ascensão de um "Deus Verde" planetário e uma "Nova Consciência" espiritual. Segue-se (com 27%) a aposta numa tendência inversa, de comercialização midiatizada da fé, com apelos até apocalípticos ou milenaristas. Em seguida (com 23% dos participantes), está a turma que vislumbra um deslocamento da religiosidade para as experiências personalizadas, mais emotivas e menos doutrinais. Por fim, 12% apostam na politização de ortodoxias moralistas e sob influência de superpotências culturais...
São tendências das religiões pelo mundo, mas o Brasil, com sua multiculturalidade, é um dos melhores laboratórios de ensaio do futuro da religiosidade. Em tempos de modernidade globalizada, com grandes possibilidades tecnológicas e enormes dificuldades de relações entre grupos humanos e destes com a natureza, as pessoas tendem a ficar mais egoístas, no sentido de ouvir mais a própria intuição. Paradoxalmente, isso leva à busca por uma espiritualidade maior e uma melhor compreensão do significado da vida, o que pode inclusive redefinir e ampliar os nossos limites éticos. Concordamos, assim, com a maioria dos participantes da enquete, em que "todas as religiões vão convergir para uma espiritualidade verde e de nova consciência global". Mas será que não estamos muito otimistas?!
Para aprofundar essas análises prévias, vem aí o Colóquio do nosso Grupo de Pesquisa Religiões, Identidades e Diálogos, que vai se perguntar "Para onde vão as religiões no Brasil?". O fenômeno religioso sempre teve grande importância em nossas terras, tanto nos primeiros séculos de sua história, quando as crenças ameríndias, o catolicismo lusitano e as religiões africanas aqui se encontraram para formar nosso campo religioso; quanto nos dois últimos séculos, quando outras denominações cristãs, religiões orientais, islamismo e judaísmo implantaram-se entre nós, diversificando nosso campo religioso e conferindo-lhe grande vitalidade e diversidade.
O campo religioso brasileiro contemporâneo, portanto, é muito dinâmico e nos inquieta. Diante dos dados do Censo IBGE 2010, que já estão gerando análises e interpretações, restamos intrigados com o crescimento dos "sem religião" e, ao mesmo tempo, do espiritismo; com o vigor e as combinações dos pentecostalismos cristãos; com o ressurgimento das vivências de transe e com o aparecimento de uma espiritualidade trânsfuga em redes sociais e caminhadas turísticas. Enfim, para onde vão as religiões no Brasil? Esse será o eixo sobre o qual vamos refletir nesse Colóquio do Grupo de Pesquisa Religiões, Identidades e Diálogos.
O evento, com entrada franca, ocorrerá no dia 9 de novembro de 2012, das 9 às 19h, na sala 004 do bloco G4, na Universidade Católica de Pernambuco. A programação inclui conferências com Roberto Motta (UFPE) e Flávio Senra (PUCMinas), além das sessões de comunicações.
Veja aqui no site do evento mais detalhes da programação
e as regras de formatação das comunicações (cujos textos devem ser entregues no Colóquio, para publicação).
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e as regras de formatação das comunicações (cujos textos devem ser entregues no Colóquio, para publicação).
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Mais sobre o Censo:
Veja também comentários de outras enquetes no blog:
O evento promove a entrega de certificados para aqueles que apresentarem na comunicação e também aqueles que assistem ao Colóquio?
ResponderExcluirCertificados pra quem apresentar comunicações, com certeza. Pra quem assistir, depende: pode contar como atividade acadêmica complementar. Favor pegar os detalhes com o prof. Drance Elias, coordenador do evento: drance@unicap.br
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